Um tema complexo e polêmico. Quem, de alguma forma, ainda não traiu ou foi traído, que “atire a primeira pedra”. O Google descreve a traição como quebra da fidelidade, prometida e empenhada, por meio de ato pérfido, aleivosia, deslealdade e perfídia. Juridicamente, traição é o crime cometido pelo cidadão que, perfidamente, pratica ato que atenta contra a segurança da pátria ou a estabilidade de suas instituições. O exemplo clássico do primeiro significado é a traição conjugal e o do segundo, atual, em que um ex-presidente da República está sendo acusado de tentativa de golpe de estado após ter perdido democraticamente nas urnas exercer um segundo mandato. Neste conto, sem “trair” o significado de traição existente nos dicionários da língua portuguesa, farei conotações à respeito deste vocábulo. Após isso, contarei dois episódios desta conduta social em que fui protagonista sendo, sempre, “o traído”.
No parecer deste autor, a traição pode ser simplesmente através de um olhar malicioso ou um sorriso maroto. A traição pode ser com ou sem palavras e com atos, ausências ou omissões. Não darei exemplos de cada um deles para não alongar o conto.
Agora contarei duas traições de que fui vítima, a primeira de um amigo e colega de profissão e a segunda, obviamente conjugal, a do meu último relacionamento.
Primeira traição: logo após graduar-me em Odontologia, montei consultório junto com meu irmão mas sabendo que a aprovação e nomeação em concursos públicos seria a saída para “ganhar dinheiro” rápido e, literalmente, enfiei a cara nos livros. O resultado foi quase que imediato e, para resumir, fiz vários concursos públicos, passei e fui nomeado em todos. No primeiro, fiz o Curso de Formação de Oficiais Dentistas do Exército. Mas, já com a patente de 1º Tenente, fui nomeado para a prefeitura do antigo Distrito Federal no Rio de Janeiro. Claro que na época a vida civil foi minha escolha, porque no Exército teria que ir inicialmente para outro estado e estava quase noivo da minha primeira esposa. Entrei para o Estado (IASERJ) e não demorou muito a sair outras duas nomeações de cargos efetivos: para os antigos IAPC/IAPI, atualmente incorporados ao Ministério da Saúde. Gente, fiquei “maluco” para escolher qual cargo assumir, pois sabia que, na época, não era permitido aos dentistas acumular dois cargos públicos. Um colega, “o traidor”, sabia deste detalhe e estava dependendo da minha desistência para assumir, pois seria o próximo a ser nomeado. Eu o conhecia e, em um encontro casual, após breve discussão, nos “embolamos” em uma esquina central da cidade. A turma do “deixa disso” nos separou. Resolvi, para evitar problemas, ficar no IASERJ. Mais tarde fui nomeado para o M. Saúde, também por concurso e aí, “cara de pau”, resolvi acumular irregularmente, mesmo sabendo do risco de perder os dois cargos. Precisava de grana para pagar pensões para os filhos dos dois primeiros casamentos. Graças a Deus, a Constituição de 1988 me salvou, porque o direito de acumular me foi assegurado. Por que me senti traído nesse episódio? Porque “o direito de escolha” era meu e porque fui ameaçado pelo colega. Verbalmente, afirmou que me denunciaria de acumulação de cargos e eu perderia os dois cargos públicos.
Segunda traição: Não fui feliz nos dois casamentos que tive “no papel”. Os divórcios foram sem mágoas ou rancores e três filhos maravilhosos, dois do primeiro e um do segundo casamento. Após dez anos “sozinho”, mas sempre à procura de ser feliz, tive um terceiro relacionamento (união estável), recentemente desfeito. A traição foi dela porque, com minha passividade, foi me abandonando aos poucos, claramente envolvida em outro relacionamento. Deixo as deduções e reflexões desta segunda traição para os componentes do grupo e encerro o conto com a seguinte frase: “QUALQUER FORMA DE TRAIÇÃO SERÁ O MAIOR DESAFIO QUE A HUMANIDADE ENFRENTARÁ ATÉ O FINAL DOS TEMPOS”.
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