O Aleatórios é uma roda de contos, onde reúnem-se autores, leitores e ouvintes. Os contos são escritos a partir de temas propostos aleatoriamente no encontro anterior. Os textos precisam ter no máximo uma lauda e não podem ter assinatura, de modo que quando é lido um conto, não sabemos quem é seu autor.
Mas o Aleatórios não surgiu de maneira aleatória. Fundou-se a partir do nosso desejo de inventar um espaço na cidade que contemplasse o conto. Não apenas falar de contos, mas falar os próprios contos.
O desejo surgiu em 2017. Mas houve um tempo de gestação. Nesse período, algumas pessoas foram fundamentais para o evento ganhar corpo, como Moduan Matus, que nos contou sobre a tradição iguaçuana de contos, e Carlos Zurck, que nos falou sobre um sarau na Zona Oeste carioca em que os poetas levavam seus poemas sem assinatura. Aquilo que nos pareceu um jogo interessante. Concordamos que faria parte do evento.
Estava formado o esqueleto do Aleatórios. Mas só o esqueleto, porque outras coisas começaram a ser descobertas no caminho. Por exemplo: em nosso evento, o leitor é tão ou mais importante que o autor. Porque devido à oralidade, o texto ganha corpo a partir de uma boa mediação de leitura. Além disso, notamos que não importa se você possui diversos livros publicados, ou se começou a escrever no dia anterior: como os textos não têm assinatura, o protagonista é o conto, não o autor. Desse modo, o Aleatórios acaba por encorajar novos autores que, por detrás do anonimato, tornam-se destemidos para mostrar suas criações primeiras.
Aliás, esse exercício de aprendizagem serve para mais ou menos experientes. Ao final das leituras, abre-se uma roda de comentários dos contos que mais interessaram a cada um. A partir dessas falas, o autor descobre o que agradou e o que não agradou em seus textos, tendo assim um feedback real acerca de sua criação. O Aleatórios também é uma oficina literária coletiva.
Por Jonatan Magella e Thiago Kuerques.