Véspera de Carnaval, Samuel acaba de deixar Ingrid em casa. De família tradicional, seus pais não permitem que chegue tarde, mas essa situação pode mudar, pois o pai de Ingrid está de viagem marcada para o continente africano.
– Quando o seu pai irá viajar?
– Acho que sexta de Carnaval.
– Que legal!
– Mas minha mãe não deixa eu chegar depois das dez da noite.
– Puta que pariu.
– Mas poderemos curtir as matinês.
Não era o que queria Samuel, até porque às dez da noite Ingrid teria que estar em casa.
– Vou te apresentar à minha mãe. Amanhã será o aniversário dela. Com certeza estará mais receptiva. Assim espero.
O namoro já passava de dois meses e nada de mais sensual acontecia, a não ser na esquina da casa de Ingrid, atrás de um caminhão abandonado. Ali acontecia um pouco mais de intimidade. Casal muito novo, sexo aflorado, como tem que ser. As carícias se sucedem, o abraço apertado dos corpos cansados clamando um relaxamento profundo, bocas quentes, línguas entrelaçadas que saem da boca, passeiam pelo pescoço e ouvidos. Os sussurros são abalados quando as línguas tornam a se entrelaçar, liberando as mãos que percorrem o pescoço, descendo até os seios fartos de Ingrid que se sente invadida pelo prazer das mãos de Samuel, que transcorrem suavemente como o bailar de uma pena sobre o vento, como aquela que o Tom Hanks observa compenetradamente em “O Contador de Histórias”. Ingrid estava perdida em seus pensamentos, pois Samuel lhe envolvia completamente, mas tinham que parar, pois o relógio já marcava dez da noite. Samuel, muito ofegante, atordoado, pupilas arregaladas, seu corpo fervia como o de Ingrid que, naquele momento, achou que deveria apresentar seu namorado à sua mãe pois, quem sabe, prolongaria sua noite e terminariam o que começou. Seu corpo pedia socorro, ufa!!! A ideia foi abortada. Ingrid se despediu de Samuel, que teve o consentimento para voltar ao Carnaval.
Ingrid entra em casa na ponta dos pés. Já passavam das dez da noite. Com medo de que sua mãe lhe interpelasse, pois seu estado não era satisfatório, deu uma desculpa simples e confiável.
Samuel retorna à matinê, que pela hora já deixou de ser há muito tempo. Salão lotado e Ingrid não sai da sua cabeça. Naquele momento em especial, Samuel acha que é hora de ir embora, pois era só o primeiro dia. Mas não seria tão fácil, pois um grupo de clóvis (bate-bola para uns) adentra ao salão, dando mais autenticidade à festa.
Samuel resolve ficar mais um pouco. É aí que conhece Cristina. Encantado pela sua voz suave, Samuel quis saber mais da pessoa que estaria atrás daquela roupa gigante, preta e amarela. Uma bate-bola perfeita. Ao tirar a máscara, uma surpresa. Ela era linda. Sua imaginação percorreu alguns quilômetros e o levou àquele caminhão parado na esquina de Ingrid, sua namorada, que naquele momento estaria no terceiro sono da noite. O Carnaval é assim: as paqueras acontecem a todo momento e não foi diferente entre Samuel e Cristina. Entre beijos e carícias (desconfortantes pela quantidade de roupa) Samuel propôs uma volta pela redondeza, prontamente aceita por Cristina. Destino: caminhão abandonado. Ao chegarem, os abraços ficaram mais fortes. A iniciativa partiu de Cristina, que fez as honras ao tirar sua blusa acariciar seus mamilos, beijando seu pescoço. Isso deixou Samuel atordoado e confuso. Quando se deu por si, já estava completamente nu diante de Cristina, que por sua vez usa apenas duas peças de lingerie cor preta, que em poucos minutos estavam invisíveis diante de seus olhos. Cristina, mais experiente, comandava as ações. Com o calor de seus corpos e a neblina fria que caía da noite, fez-se a combinação perfeita. Em poucos minutos, corpos quentes e suados foram facilmente transformados em gotas de prazer.
Hora de ir embora, Samuel quer ficar, mas Cristina precisa ir. Diz que amanhã o encontraria no mesmo lugar. Samuel, preocupado, pois tem a Ingrid e precisa resolver essa situação no dia seguinte. Chega na casa de Ingrid, é aniversário de sua mãe. Eufórica ela diz:
– Vou lhe apresentar e dizer que arrumei um namorado.
Samuel, confuso, achou que aquele não era o momento, pois a festa estava posta, bolas por toda casa, mesa dividida de doces e salgados. Estava tudo muito bem organizado, casa cheia. Como era Carnaval, muitos convidados exibiam suas fantasias. A festa estava realmente muito animada. Para minha surpresa, aqueles bate-bolas chegam na festa. Suei frio com medo que a Cristina estivesse por ali. A tensão tomou conta de mim. Ingrid percebeu minha aflição. Fui ao banheiro, forcei o dedo na garganta, bati no meu olho, joguei água na cabeça. Queria forçar uma situação para sair da festa o mais rápido possível. Quando olhei no espelho do banheiro, meu rosto parecia de uma pessoa que acabou de se engasgar com uma espinha de peixe, em seguida levar um tombo da escada e cair em cima de um sachê de ketchup. Seria fácil, a olho nu. diagnosticar uma reação alérgica. Estaria livre para ir embora, mas não foi bem assim. Ao sair do banheiro, uma fila se formava do lado de fora. Pelo menos quatro bate-bolas. E agora? Passei por um, dois, três, quatro, ufa! Não acreditei que consegui. Mas para minha surpresa, Ingrid me chama no canto:
– Samuel, Samuel! – De mãos dadas com uma bate bolas ela diz:
– Samuel, essa é minha mãe.
– Prazer eu sou Cristina, mãe dela – Com um prato de doce na mão ela me oferece:
– Aceita um olho de sogra?
Muito bem bolado o Conto. Parabéns. Por isso tenho medo de bate-bolas até hoje, rsrs