Ônibus baixada fluminense

Velozes e furiosos da Baixada Fluminense

Mais um dia de labuta, acordei cedo com aquela cara de que comeu, mas não gostou, ou com a face de quem chupou limão com sal e pimenta malagueta. Chego no ponto de ônibus, emito o sinal para o condutor e entro no veículo. Tomei um baita susto, quase tive um AVC ou uma parada cardiorrespiratória, ou um surto psicótico, pois a cara do motorista parecia a do Freddy Krueger. Não sei informar se realmente era a aparência dele ou se ele estava de mau humor.

No decorrer da viagem, fui percebendo o porquê do estado físico do chofer. A maioria dos passageiros elogiando a mãe do dito-cujo, alegando que a viu trabalhando arduamente na “casa das primas”. Esse veículo é uma “cata-corno”. O profissional, além de conduzir, tem que olhar para cinco retrovisores, cobrar a tarifa, dar atenção aos cadeirantes para entrar na porta especial do transporte, tirar dúvidas das pessoas para descer em locais específicos e ele não é aplicativo de localização para saber de tudo e todos os locais.

Sem falar que o trabalhador(a) ganha pouco, muito estresse, não há horário de almoço ou lanche e muito mal há tempo para lanchar ou beber água ou ir ao banheiro, empresa alegando todo santo mês que o carro está avariado sem estar, todos os dias largando em média duas horas a mais sem receber nada, nadinha de tiribitiba. Já pensou uma crise instantânea de disenteria em plena faixa exclusiva em alta velocidade?  

De repente, ao entrar em uma estrada, sinal fechado para outro ônibus paralelamente e, ambos motoristas, começam um a olhar para o outro de cara amarrada. O pior: o veículo que acabou de parar, a face do condutor parecia uma carranca. Um dos pilotos perguntou para o que estava conduzindo ao lado:
Qual foi?!
– 
Qual foi é o baralho!

Pronto, declarado a luta de MMA!

Começou o “racha” de Fórmula 1 em plena estrada. Os passageiros de ambos os veículos se desesperam, uma gritaria, pânico generalizado, “pelo amor de Deus, motorista, devagar, pare”, ou parar em outro semáforo. Os passageiros, aliviados, pois o circuito de automobilismo havia terminado. Porém, ambos os condutores largam o ônibus no sinal, no meio da rua, entram em outro caminho, pegam outra condução e vão embora, largando os passageiros ali à deriva. Alguns quilômetros dali, ambos descem e vão beber juntos uma cervejinha geladíssima, tentar se acalmar e ganhar forças para tentar voltar a trabalhar em um outro dia, quem sabe…