Fez fortuna, subiu na vida antes dos trinta, consagrado na calçada da fama ainda jovem, estrela das redes sociais. Um fenômeno de público, com mais de quarenta espetáculos por mês, sucesso de bilheteria! Começou na periferia, numa igreja sem torre, tocando violão, afinando teclado, vibrando a bateria, aprimorando seu canto. Naquela igrejinha exercitou o domínio sobre as mulheres, namorava à beça, pegou até a mulher do pastor.
Da área rural rumou a Brasília, brilhou num show ao ar livre, evento promovido pela senadora da igreja matriz, da mesma ideologia da filial da roça. A autoridade era falsa moralista, pois recebia os favores sexuais do pervertido em contrapartida ao investimento. Esbanjando simpatia, foi parar na boca de uma dama importante da República, responsável pela carreira promissora de Romeu Vulcão em âmbito nacional, com perspectivas internacionais!
A Banda Romeu estourou nos grandes palcos. Romeu compunha canções de amor, cheias de romantismo, interpretava a moda do coração, o filé do sertanejo universitário; no entanto não passava de um conquistador barato, pegava o que respirava. Cada dia acordava com uma fã diferente. Evitava o envolvimento emocional, dispensava logo, era apenas prazer. Numa dessas aventuras da carne, acabou apaixonado. Perdeu-se nos beijos açucarados de Eli Estilhaço. Eli colocou o sujeito na linha, fez o cara jurar fidelidade integral! Romeu, versado no hábito de mentir, tratou de prometer monogamia à parceira. Ela levou a sério a promessa, impondo uma cláusula: caso fosse traída, o traidor seria castrado. Eli Estilhaço, tenente do batalhão da guarda, especializada em lutas marciais, respeitada na corporação; era mulher de palavra, mantinha atitude exemplar, cumpridora dos deveres e fiel às regras militares.
Romeu, nos primeiros dias, cumpriu o trato. De casa pro trabalho, do trabalho pra casa. Ademais, enfiou o pé na jaca. Só não comeu a lagartixa, o resto passou nos beiços: desceu a ribanceira de patinete, pisou na bola, escorregou na casca de banana. Eli descobriu, executou o veredito: capou o gavião! Romeu respondeu à violência passivamente. Contratou um cirurgião plástico, colocou duas bolas de silicone nos peitos, uma protuberância em cada banda, desenhou uma tatuagem de menina na intimidade. Mudou o nome pra Julieta Espoleta. Adiante, serelepe, casou com um roqueiro inglês, daqueles que toca guitarra com os dentes. Os pombinhos sumiram um tempo. Recentemente, o casal foi visto acampado em frente ao quartel, na capital do Brasil; bebendo cerveja, comendo picanha e defendendo a volta da ditadura militar!
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