Senta aí e deixa eu te explicar o que é esse tal de efeito borboleta. Vou te contar uma história que aconteceu comigo.
Carnaval do ano retrasado. O dinheiro estava curto, então resolvemos ficar por aqui mesmo em vez de viajarmos pra região dos lagos. A esposa não gostou muito, mas as crianças não ligaram. Eu prometi que no sábado de carnaval iríamos passear na praça fantasiados. Dizer que eles ficaram felizes é pouco. Sem contar que eu tinha montado a piscina no quintal e comprado uma carne pra queimar na churrasqueira. Quem precisa viajar quando temos isso tudo em casa?
O Danilo estava feliz com a fantasia de Super-Homem dele, que era basicamente uma camisa com um lençol amarrado no pescoço. A Daniele iria aproveitar o uniforme da escolinha e iria fantasiada de jogadora de futebol.
Eu não tinha fantasia, mas consegui uma máscara de gorila com um amigo. Então, eu e as crianças iríamos nos divertir. Minha esposa gosta de carnaval, mas não estava querendo se fantasiar. Então, ela iria à paisana mesmo.
No sábado de manhã já separei algumas carnes para o churrasco. Uma linguicinha, algumas asas e um pouco de carne de porco. A carne de porco não caiu bem pra Daniele. Ela começou a passar mal. Enjoo, dor de cabeça… Mas sabe que aquela menina é durona. Puxou a mãe. Perto da hora que tínhamos combinado de ir na praça, ela insistiu que já estava melhor. Eu até iria dizer que sim, mas minha esposa disse não. E ainda me pediu pra pegar umas folhas de boldo na casa da tia dela, que mora na esquina.
Eu tinha andando dentro de casa o dia inteiro com a máscara. As crianças achavam engraçado e até a mulher ria. Na hora que eu estava indo pegar as folhas, cheguei a pegar a máscara. Iria com ela pela rua. Mas o Danilo me disse pra deixar com ele. Disse que iria ficar animando a irmã, já que não poderíamos sair.
E assim eu fiz. Deixei a máscara e fui até a esquina. Passei por uns rapazes que estavam conversando no meio do caminho. E, você não vai acreditar. Um deles estava com uma máscara de gorila. Coincidência, né?
Assim que eu peguei as folhas e estava pra sair pelo portão, escutei o som de uma moto freando e uns gritos. Alguém gritou algo tipo “é o com a máscara de macaco!” e logo em seguida, os pipocos. Eu e a tia da minha esposa corremos para dentro da casa dela e esperamos pra ver se acontecia mais alguma coisa. Como não escutei mais nenhum tiro, preferi voltar correndo pra casa.
Eu vi o bolinho de pessoas de longe. Cheguei perto já sabendo o que iria ver. Um dos rapazes estava caído no chão. Era o que estava usando a máscara de gorila.
Então… Eu fico pensando que uma coisa tão pequena quanto uma carne de porco mal cozida pode ter sido o que me impediu de levar um tiro naquele carnaval.
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