Quando viu a propaganda daquele supermercado que tem o nome antigo da cidade do Rio de Janeiro, não titubeou. O óleo de soja estava setenta centavos mais barato que nos outros estabelecimentos.
Pegou seu Gordini, que arrematara num ferro velho da Dutra durante um leilão de carros terminais por uma bagatela e foi correndo aproveitar a promoção.
Ele morava a uns dez quilômetros do referido mercado. Durante o trajeto, devido a pressa, acabou atropelando um cabrito e dois cachorros que estavam ‘engatados’ (acho que era período do cio).
Por se achar um grande oportunista e muito esperto (embora tivesse muita cabeça e pouco cérebro), ele sempre se autodenominava ‘O Cara’.
Não perdia uma promoção, por mais que gastasse seu tempo, sua gasolina e acabar pagando a diferença em outros produtos não promocionais com o dinheiro que lhe sobrava para o resto de suas compras.
Certa feita, um amigo de infância que sabia da sua tara por promoção, o convidou para a inauguração de uma ‘casa noturna’ no Meier, já que durante a inauguração haveria promoções interessantes como por exemplo, o ‘programa’ ficaria 50% mais barato e ao escolher uma moça, teria direito a levar duas para o ‘desfecho’.
‘O cara” ficou tão animado que se encheu de um perfume que adquirira de um camelô em Belford Roxo, cuja promoção estava a preço de banana, inaugurou uma cueca de seda brilhosa, comprada numa oferta promocional na Rua da Alfândega por um preço módico e foram.
Chegando lá, percebeu que os descontos das promoções estavam embutidos nas cervejas e por se sentir enganado, resolveu criar um rebu na ‘casa’. Foi espancado e posto para fora por dois troncudos seguranças.
Ainda com o olha roxo e tentando se recuperar do baque, resolveu enveredar pelo caminho da informática. Partiu para tentar adquirir um programa chamado ‘Inteligência Virtual’, porém quando viu que o programa ‘Burrice Virtual’ estava em promoção, não hesitou, fechou logo o negócio.
Logo depois, passou a ministrar um curso de Fake News e por conta disso foi inclusive convidado para assessorar um político famoso. Seu candidato não ganhou a eleição mas nem por isso ele deixou de se considerar ‘O Cara’ e a perseguir qualquer promoção que aparecesse.
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