O próximo poeta a se apresentar atendeu ao meu pedido: vai declamar um poema que me toca muito e é lindo.
Vou aproveitar pra ouvir, sentir toda sua beleza e me acalmar finalmente. Afinal de contas, tudo está correndo bem! Agora!
O evento está cheio, que bom. Tenho certeza que nenhum dos presentes tem noção do que aconteceu pra que tudo ali acontecesse.
Estava com o copo de café na mão quando li o recado no celular: o músico que viria, o que ontem à noite me deu certeza que desta vez não faltaria, e que deu certeza que traria sua caixa de som amplificada, acompanhada de um ‘potente’ microfone… SURPRESA! Ele não poderia mais vir pois sua vizinha teve uma forte dor de cabeça e ele teve que ir com ela pra UPA e não poderia abandoná-la naquela situação.
Engasguei na hora e quase que eu tive que ser socorrida por causa do pedaço de queijo na garganta. Sorte que um copo de água me acudiu.
Nos grupos ainda, tentando me acalmar, respondendo a alguns bons dias, acabei lendo que a poetisa que viria lançar seu livro com a gente, estava presa em São Paulo e não teria condições de estar no Rio de Janeiro à noite.
A poetisa, amiga de uma amiga minha de outro grupo – na hora do nervoso nem conseguia lembrar seu nome -, desculpou-se com todos pelo imprevisto e prometeu que viria no próximo evento.
Pra me acalmar, resolvi ligar a televisão na sala, enquanto preparava alguma coisa pro almoço, na cozinha, mas prestando bastante atenção no som que vinha da TV, tentando me distrair. E não me tocou aquela música da vinheta que algo importante acabou de acontecer!? Sim, tocou!
Pude ouvir que uma chuva daquelas tinha começado na capital e que era pra todos ficarem alertas pois tudo indicava que ela se espalharia por todo o Estado. E seria temporal!
Fiquei tocada e sentida pelo mal que passavam os moradores e trabalhadores que estavam na capital naquela hora, mas, pensei, ainda bem que já olhei o tempo lá fora e um lindo sol não vai estragar o encontro à noite. Até fui ao quintal pra agradecer!
Abri os braços e agradeci aos céus pelo lindo dia.
Mal terminei meu agradecimento, pude acompanhar com meus próprios olhos, perplexa, uma nuvem imensa tapar completamente o sol, deixando o horizonte cinza… um cinza clarinho! Mas, cinza!
Ouvi um estrondo e pensei que era um trovão, mas depois lembrei que era um dos cachorros da vizinha que tinha instalado em sua casa uma pousada pra cachorros.
Lembrei que chuva não era problema. Ligo pra um amigo aqui da rua que tem uma lona bem grande e peço emprestado.
Fui pegar o celular pra ligar e quando chegava perto do aparelho ele tocou pra mim, tomei um susto, o que seria agora!?
Não deu outra, problema!
Um cano de água havia estourado no bar onde faríamos o evento e diversos adereços, enfeites, faixas e ‘coisas pra performance’ haviam sido destruídos pela água. Deu até um aperto no peito!
Precisava de um copo cheio de água com açúcar. Preparei e engoli quase num gole só pra ter efeito mais rápido.
Engasguei de novo!
E fui correndo pra ajudar aos amigos que já estavam no evento colocando tudo em ordem.
Conseguimos resolver tudo! Ainda bem!
Ninguém desconfiava que naquela noite o nosso sarau poderia ter até outro nome. Um daqueles filmes que após o trinado de uma flauta se ouve o “Tã, tã! Tã, tã, tã, tã! Tã, tã, tã!” e continua com o solo de teclado!
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