Era o primeiro dia útil do mês. A fila dos idosos já dobrava o quarteirão. O banco só abriria às nove horas, porém muito daquelas pessoas estavam ali desde às cinco horas da manhã.
Na fila, além de receberem o soldo da aposentadoria e benefícios, eles faziam amizades, recebiam e davam conselhos, reclamavam dos filhos, do custo de vida e dos remédios, etc. Houve até um caso de dois viúvos que se conheceram na fila e acabou em casamento.
O assunto, no entanto, que mais se destacava nas conversas, era o comentário a respeito das doenças que cada um portava. Às vezes gerava até uma disputa sobre quem tinha mais enfermidade acumulada.
Certa feita, uma idosa toda serelepe, começou a dissertar sobre o milagre que seu médico lhe proporcionara com um preparado utilizando a casca da banana verde, receitado pelo doutor. Ficara curada do reumatismo, do bico do papagaio, da diabetes, da hipertensão e do piriri. Logo, logo se formou um aglomerado em torno da feliz senhora. Todos queriam saber como era feito esse preparo e quem era esse médico milagreiro. No início ela relutou e tentou omitir, mas depois de tanta insistência de todos, acabou revelando o nome do médico, porém manteve em sigilo o preparado com a posologia: “Foi o Dr. Lafa.”
Um senhor que ouvia tudo muito atento, perguntou se a fórmula também curava ejaculação precoce. Um outro perguntou muito ansioso: “E impotência ?”
Daquele dia em diante, o consultório do Dr. Lafa passou a ficar lotado. Era difícil conseguir agendar uma consulta. Algumas marcações chegavam a demorar seis meses. Alguns velhinhos chegaram a ‘bater as botas’ sem conseguir a tão sonhada consulta com o agora afamado médico.
Dr. Lafa, além de geriatra, era homeopata. Era também mandingueiro, macumbeiro, agricultor, contista e bananeiro. Tinha um sítio onde plantava diversas espécies da chamada musa spp, pertencente a família botânica musaceae. Para os íntimos: Banana. Lá, ele plantava desde a banana da terra, a d’agua, a prata, a ouro, a nanica, a maçã… e retirava todos os frutos quando eles ainda estavam verdes. Tinha também num canto mais reservado do sítio, uma pequena plantação de cannabis sativa, uma planta que ele costuma receitar para os mais jovens.
Aquele senhor que manifestou dúvida sobre a cura da impotência conseguiu um ‘encaixe’ para ser consultado às três horas da manhã (único horário disponível). Saiu do consultório de cabeça erguida e passou a andar todo garboso, sorriso nos lábios. Trazia dentro de sua calça um volume preponderante, digno de causar inveja até ao Kid Bengala e no bolso a receita ministrada pelo médico. Foi preso depois de denúncias de assédio, apesar dos seus 72 anos, ficava roçando nas mulheres dentro dos ônibus, dos trens, etc. Entrava em qualquer fila para encostar seu volume avantajado e rígido nas moças…
Quando chegou na delegacia é que o delegado descobriu que o que o tarado senhor trazia dentro da cueca ‘samba-canção’, era uma enorme banana verde, oriunda do sítio do doutor. Muito sem graça, o idoso disse que foi por orientação médica, para manter sua autoestima. Aí ele se entusiasmou tanto que se esfregava nas mulheres para elas sentirem que ele ainda era viril e explicou para o delegado, que mantinha aquele subterfúgio porque banana verde não quebra.
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