Churrasquinho

Boteco Boa Praça Ipanema

Sexta-feira. Fim de tarde. As pessoas andavam freneticamente pelas ruas de Nilópolis. Era início de dezembro e parecia que todos queriam comprar presentes de Natal antecipadamente. Ângela estava com o marido em Nilópolis para tratar do inventario da mãe. Passando pela Mirandela, indo em direção ao estacionamento, Estevão, o marido de Ângela, não resistiu ao perfume irresistível do churrasquinho do Seu Jorge, que era figura cativa no espaço.

Estevão perguntou se ela queria um também. Ângela recusou. Não costumava comer na rua, ainda mais num churrasquinho de esquina. Viu que o pano de prato era limpo, branquinho, mas isto não a convenceu. Sua irmã dizia que ela era a doida da limpeza. Ângela discordava. Tudo exagero. Só não comia qualquer coisa nem em qualquer lugar. Salada no self-service nem pensar!

Jorge atendeu Estevão e ficou observando Ângela. Reconheceu aquele olhar de desconfiança. Se ela soubesse como ele era caprichoso na cozinha com certeza mudaria de ideia. Não entendia esse preconceito com a comida de rua. Mas, ele estava com a consciência tranquila e tinha orgulho do seu trabalho. Simples e honesto.

No dia seguinte, Ângela participou com os colegas de trabalho de uma confraternização antecipada em um restaurante em Ipanema, bastante conceituado no bairro. Chegando inclusive sair em uma publicação na Veja Rio. A feijoada estava uma delícia! Há muito tempo não comia uma tão caprichada.

O que Ângela não sabia é que no dia anterior enquanto as carnes dessalgavam um pequeno roedor com tendências suicidas caiu no panelão e antecipou sua ida ao céu dos ratos (se é que existe). O dono do estabelecimento não quis arcar com o prejuízo. É só passar uma água, ordenou. E foi assim que Ângela acabou provando a Feijoada a La Dom Raton.