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SPTZ 1972

Era membro de uma família muito numerosa. Para ser sincero, sequer sabia seu próprio nome. Não possuía qualquer documento capaz de identificá-lo. Os outros o chamavam de SPTZ 1972.

Ele, porém, tinha clareza de que tal apelido se tratava de uma homenagem ao grande Mark Spitz, o célebre nadador que, no ano de mil novecentos e setenta e dois, bateu o recorde de medalhas olímpicas. Mesmo tendo sido superado, décadas depois, por Michael Phelps, Mark havia sido, sem dúvidas, um ícone da natação. SPTZ 1972 possuía a plena consciência de que também precisava sê-lo. 

Em sua sociedade, a prática da natação era a mais importante de todas as atividades e somente o campeão receberia o grande prêmio e um futuro promissor. Todos os demais seriam desprezados, para sempre. 

O exímio nadador estava ansioso com a aproximação do grande dia. Sentia que, a qualquer hora, seria chamado para a tão aguardada, e talvez fatídica, competição. Mas não permitiria que qualquer pensamento pessimista o atrapalhasse. Tinha a absoluta certeza de que, ao final, seria o vencedor laureado e receberia, sozinho, todas as recompensas.

Na madrugada do dia seguinte, por volta das duas horas da manhã, a sirene tocou de repente. Não importava o horário, ele sabia que a qualquer momento estaria preparado. Quando iniciou a competição, seus maiores desejos se concretizaram. Logo tomou a dianteira, deixando uma imensidão de concorrentes para trás. 

A distância até o final da prova era razoavelmente longa. Contudo, em nenhum momento ele perdeu a liderança. Tudo estava ótimo. Estava… O desespero tomou conta quando finalmente percebeu que não existia qualquer linha de chegada. Havia apenas uma imensa e ultrarresistente parede de látex. 

Naquele dia ninguém triunfou. SPTZ 1972 e todos os seus irmãos espermatozoides foram rejeitados.