Depois de cumprir cinco anos de prisão em regime fechado por estupro a uma menor, o dia da liberdade de Augustinho Caveira finalmente tinha chegado. Acordou cedo com o dia ainda escura, tomou seu último banho naquele local, vestiu um roupa limpa ,penteou o cabelo , sentou na beirada de sua pequena cama de cimento com um colchão velho e puído pelo anos de uso. Ficou ali em silêncio, apreensivo a espera do momento do guarda das celas, Abrir a sua e sair daquele inferno. Lembrou dos anos de vida perdidos naquele local e veio a sua memória a imagem da adolescente nua e indefesa que com muito medo e raiva cedeu aos seus caprichos sexuais. “Cadela” – grunhiu com raiva – “Em vez de gozar e ficar quieta, me denunciou para a polícia e me fez apodrecer todos esses anos aqui nesse lugar do cão.” Seu pensamento foi bruscamente cortado pelo barulho da chave na fechadura. Finalmente a sua liberdade tinha chegado. Caminhou por uma galeria que já conhecia de cor, Passou por alguns portões de ferro até chegar finalmente ao portão de saída. Ao chegar a rua teve o alento de abraça sua mãe que o esperava muito emocionada.
Augustinho Caveira nunca tinha sido um bom filho, Desde criança sentia prazer em matar de maneira perversa gatos e pequenos cães que apareciam em sua frente. Furava os olhos dos pobres animais com um canivete de bolso e sentia êxtase em vê-los se estrebuchando no chão até a morte. ”Não sou nenhum vampiro, mas gosto ver sangue se esvaindo do corpo desses pobres desgraçados.” Costumava dizer em voz alta, com o canivete em punho, toda vez que cometia um de seus crimes. As outras criança , é claro, quando via aquilo ficavam horrorizadas e corriam para casa chorando. Na escola não era diferente. Agredia os colegas de classe da maneira mais natural com socos e roubo de merenda na hora do recreio. Fazia tudo isso, mas nunca era denunciado pelos colegas, por medo. E cresceu assim, sem nunca receber uma censura ou um corretivo dos pais. “Menino é assim mesmo, tem que ser durão e impor autoridade, para quando crescer não ser nenhum molenga.” Fazia questão de dizer o pai ,para justificar a conduta do filho. A esposa não concordava com essas palavras, mas preferia ficar em silêncio para não contrariar o marido.
E Augustinho foi crescendo assim sem freio, até chegar aos vinte anos e cometer o crime que o levou a prisão. O pai ,um comerciante próspero e com muitos recursos financeiros, procurou de todas as maneiras retardar sua prisão. Mudar de estado, esconder em sítio da família e até subornar policias, foram algumas das estratégias usadas por ele. Mas não teve jeito ao ser encontrado deve que pagar seu crime. Ao chegar em casa junto com a mãe, já não encontrou mais um pais tão compreensível e disposto a continuar encobrindo os erros do filho. Deu a ele um ultimato: “A partir de hoje tudo que você fizer na sua vida, será da sua inteira responsabiliza, não quero mais você na minha casa nem em nossas vida.” Deu a ele um maço de dinheiro e seguiu para o seu sem olhar para trás. A mulher em prantos pediu que o marido reconsiderasse sua palavras e o aceitasse novamente. Ele foi irredutível, fechou a porta de seu quarto e não voltou mais para a sala. O filho atordoado com decisão do pai, não sabia o que dizer e ficou ali parado de cabeça baixa. Foi quando a mãe, mais tranquilo, o tirou daquela letargia dizendo: “ Durante a sua prisão, seu pai descobriu que a menina que você violentou era filha dele. A menina ao saber desse fato, não suportou essa revelação e se matou de desespero e dor. Ela estava grávida e com uma facada certeira no coração ela e o bebê morreram envoltos em uma grande poça de sangue.”
Diante daquela tragédia relatada pela mãe, Augustinho abriu a porta da casa, Saiu e nunca mais foi visto por ninguém naquela localidade e em lugar nenhum.
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