Meu nome é Dudu, sou um cachorro da raça Cocker Spaniel, predominantemente da cor preta, e vou contar para vocês um pouquinho da minha história.
Eu costumava viver em um lugar triste, onde a luz do sol raramente penetrava. Minha antiga tutora, a sogra da Jéssica, me mantinha preso a uma corrente, e cada dia era uma repetição dolorosa do anterior: eu pisava em meus próprios excrementos, e os golpes vinham como relâmpagos, deixando marcas não apenas na pele, mas na minha alma.
Então, tudo começou a mudar quando Jéssica entrou na minha vida. Ela era diferente. O seu olhar era quente, como um raio de sol depois de uma tempestade. No começo, ela apenas passava por ali, mas o seu carinho era tão profundo que, com o tempo, eu me sentia menos como um prisioneiro e mais como um ser amado. Daí ela começou a fazer umas comidinhas para mim e, de repente, o mundo pareceu mais doce.
Mas a vida ainda tinha algumas provas para nós. Eu contraí cinomose e quase morri. Jéssica ficou desesperada, mas não desistiu de mim. Ela contratou uma veterinária maravilhosa, que cuidou de mim com muito amor. Cada dia que passei solitário, no canil, lutando contra a doença, eu sabia que Jéssica estava torcendo por mim, onde ela estivesse.
Quase dois anos depois, quando o seu casamento terminou, Jéssica decidiu que eu merecia uma chance de ser feliz. Ela me levou com ela, e aquele foi o melhor dia da minha vida. A casa de seus pais, onde moraríamos a partir dali, era diferente: cheia de cheiros novos e sorrisos. Eu não precisava mais me preocupar com a corrente que me prendia. Eu podia correr livremente, brincar, até subir escadas eu aprendi e, principalmente, eu era amado.
A minha saúde nunca foi muito boa, mas logo percebi que a luta dela era a mesma que a minha: a luta pela vida, pela esperança. Nos anos que se seguiram, Jéssica enfrentou suas próprias batalhas. Doenças, depressão e tristezas a atingiram, mas eu estava lá, sempre ao seu lado. Quando ela se sentava no sofá, eu me aconchegava em seu colo, lambendo suas lágrimas e oferecendo meu carinho silencioso. Às vezes, quando o mundo parecia pesado demais, eu a observava, olhava diretamente em seus olhos e lhe passava todo o amor de meu coração. Ela colocava música para escutarmos e eu sempre me perguntava se ela sabia como a música ajudava a curar nossos corações feridos.
Aprendi que o amor não é apenas um sentimento, mas uma força poderosa. Jéssica e eu nos ajudamos a superar as sombras do passado. Cada passeio, cada dia de sol, e cada momento de silêncio juntos, se tornaram nossas pequenas vitórias.
Hoje, enquanto escrevo isso, sinto a brisa da manhã entrando pela janela e Jéssica dormindo ao meu lado. Eu sou Dudu, um cachorro que encontrou não apenas uma tutora, mas uma amiga, uma companheira, que me salvou de um mundo de escuridão. E juntos, construímos um novo lar, onde o amor brilhava em cada canto. Eu vivi quase dez anos com Jéssica, até o dia treze de maio de 2024, quando fechei os olhos pela última vez. Mas eu sei que nosso amor perdurará e estarei sempre em seu coração, assim como ela estará eternamente no meu.
Chorei mas, amei! Lindo demais esse Dudu. Que haja muito mais Jéssicas do.que sogras sem coraćão.