O segredo

Já passava da meia noite, fazia frio e eu ainda vagava pelas ruas de bairro a procura de um bar aberto para beber a última saideira antes de seguir para casa. As ruas mal iluminadas e desertas deixaria qualquer um temeroso, mas isso não era meu caso. Depois de derrubar uma caixa de cracudinha nem Pitbull bolsominion me daria medo. Minha roupa amarrota e molhada pela fina chuva que incessantemente caia, me deixava incomodado e ansiosa para encontrar logo um bar, um local segura para beber uma Brahma e se proteger da chuva. Apressei meus passos trôpegos no intuito de logo chegar ao meu destino. Ao passar pela praça principal do barro, vi em um cantinho de pouca luz um casal namorando, e porque não dizer, um dentro do outro, num vaivém frenético. O casal me chamou atenção,porque mesmo a praça estando com pouca luz, deu para eu reconhecer os dois. Não parei para atrapalhar o casal, mas sarcasticamente dei para eles uma boa noite e segui meu caminho. Entrei no primeiro bar, pedi um quente para espantar o frio e sentei em uma mesa. O local estava quase vazia, poucas lugares ocupados, o dono não fazia questão de esconder a sua impaciência com o pouco movimento e a vontade de fechar logo o comércio e seguir para casa. Pedi outro quente. Bebi de uma talagada só sem fazer cara feia. Quando eu ia me levantar da cadeira para pagar minha conta e ir embora, o meu amigo chegou apressando e nervoso. Sentou do meu lado e em súplicas me pediu:
– Por favor, meu amigo, não conte para ninguém o que você viu. Peço que guarde com você esse segredo não diga nada a qualquer pessoa, nem sob tortura.
Olhei para ele fixamente e disse:
– Nem sob tortura ?
– Nem sob tortura – suplicou o amigo.
Dei uma sonora gargalhada que tomou conta do bar e depois num tom mais baixo respondi a ele:
– Você se diverte com aquele mulherão, esposa de militar e eu que vou ser torturado?
– Por favor, amigo, eu imploro…
– Nem pensar, a primeira porrada que eu levar entrego todo mundo, sem pena e dó. – Dei outra gargalhada e fiquei observando a cara de desespero do meu amigo, que acreditava piamente que eu seria capaz disso.

Guardo até hoje esse segredo comigo.