Arte de adivinhação

Cruzo a rua, apressado, o trabalho aguarda impaciente, mas a tabuleta no muro convida-me a uma viagem: “conheça o seu futuro”!

Ciente da importância de tal revelação, eu entro no bonde do tempo… Miro no domínio do imprevisível… Lanço a mão na maçaneta, a porta abre, esbarro numa figura enigmática, uma advinha:

— Posso lhe ser útil, cavalheiro?

— Estou procurando o futuro?

— Veio ao lugar certo.

— Como?

— Levantando o véu do mistério.

— Quando começamos?

— Agora. Sente-se, nesta cadeira, feche os olhos…

Ela continuou persuasiva, quanto a mim, perdido na ideia de encontrar o sentido da vida, atendia como um cordeirinho…

Já ia longe, perdido nos meus pensamentos, quando a mão macia da mulher —bem presente— tocou o meu início; pouco a pouco fui perdendo os sentidos… só percebia o corpo suculento da cartomante que havia invadido o meu quintal: uma tomada de poder!

A surpresa do desconhecido ganhava os meus lábios, lambuzados, emergidos no líquido das entranhas da fêmea audaciosa:

— Uiiiii… Uiiiii… Uiiiii…

Os seios volumosos da feiticeira, magicamente, afagavam o meu falo. Os corpos gozavam de uma nudez que dispensara a prévia de nos conhecermos…

Voltei a si com uma exclamação:

— Abra os olhos! Estenda a mão, quer fazer alguma pergunta?