Apossou-se da maternidade no dia em que descobriu-se grávida.
A concepção daquela criança nunca esteve em seus planos. Já era uma mulher de seus trinta e muitos, já havia passado por outra gravidez, porém sua bebezinha morreu no décimo quinto dia de vida fora de seu útero.
Não queria mais. Não esperava mais. Era desamada pelo marido que seus pais a haviam obrigado a casar, ele tinha até uma amante, inclusive.
Não se demorou onde não tinha mais o que a prendesse e foi ser dona de si mesma.
Quando se sentiu bem dona de si, de seu corpo, um homem desejou penetrá-lo. Ela não deixou. Então, ele entrou a força mesmo, porque, onde já se viu negar a posse de um corpo que ele queria ter também com a alma?
Quando descobriu-se grávida, entendeu que gestaria aquela filha, sim, ela sabia que era outra filha, e que dela teria o amor que sempre lhe fora negado durante a vida toda.
Presenteou-se com maternidade e é feliz até hoje.
Parabéns pelo texto 👏🏼👏🏼👏🏼