Fazia algum tempo que Jaciara não escrevia. Aliás, há um bom tempo também não interagia com seus amigos do grupo de contistas do qual fazia parte.
Durante os primeiros três anos de existência do grupo foi escritora ativa e assídua. Não tinha um mês que falhasse. No dia marcado ela enviava seu conto de acordo com o tema escolhido. O grupo estava quase comemorando seis anos de existência e Jaciara resolveu que iria escrever e enviar um conto de sua autoria.
Então, naquele dia, ela sentou-se à mesa da sala toda animada. Verificou no celular qual seria o tema. Era “memórias”. Pegou o papel, a caneta e, entre o aguardo da inspiração e a escrita do que seria seu conto, foi invadida por várias lembranças que, de repente, poderiam servir como pretexto para o que estava disposta a escrever, O tema era desafiador e remeteu a memórias passadas e vividas.
Vieram-lhe várias recordações da infância, da juventude, do início da maturidade… e elas foram tantas e essas tantas foram se emaranhando em sua cabeça que em um determinado momento começaram a se confundir ao ponto de trazer emoções como o choro, o riso, a saudade, a alegria, a tristeza… Emoções que pareciam incontroláveis e se permitiam transbordar.
Jaciara afastou a folha de papel ofício e a caneta. Sim, ela gostava de escrever no papel e só depois digitalizava para enviar ao grupo de contistas. Entregou-se às lembranças, às memórias.
Passados alguns longos minutos, como se acordando de um sono permeado por sonhos, levantou-se:
– Nossa! Tenho que preparar o almoço! Nem percebi a hora passar!
Levantou e encaminhou-se para a cozinha. O conto com o tema “memórias” ficou esquecido. Jaciara segue solitária na sua rotina. Aguardemos o próximo tema.
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